quarta-feira, 4 de maio de 2011

Entrevista Bombeiro

Nome do entrevistado: Edilson Aquino
Idade: 39 anos
Profissão: Bombeiro
Tempo de carreira: 18 anos

Desde quando você queria ser bombeiro?
            Minha mãe sempre comenta que desde pequenininho (mais ou menos com quatro ou cinco anos) eu queria ser bombeiro.

Como você começou a trabalhar nesta profissão?
Na verdade antigamente nós entrávamos na polícia militar e da polícia você era classificado para vários serviços, incluindo o de bombeiro.
Hoje em dia é diferente. Conforme os antigos bombeiros vão se aposentando, abrem-se vagas para os determinados postos. Na minha época não, e eu realmente dei sorte em vir para o corpo de bombeiros, pois a polícia militar é muito grande, e possui muitas áreas para se trabalhar, e agora eu estou aqui, há dezoito anos como bombeiro.
Atualmente estou trabalhando com atendimento à ocorrências, mas já trabalhei na área técnica.

Como foi o começo da sua carreira?
            Eu entrei como recruta e passei por algumas brincadeiras que os bombeiros mais velhos faziam, como banhos de mangueira etc.. Foi um lugar bem acolhedor, um clima bem legal.
            No começo, você aprende várias técnicas com seus colegas mais experientes na hora do salvamento. E em cima disso você desenvolve suas próprias técnicas para trabalhar.

Como você ficou no seu primeiro salvamento?
            Fiquei muito feliz, porque é aí que você pensa ‘nossa, finalmente todo aquele esforço valeu a pena’. Fiquei realizado, foi muito gratificante. Na verdade, a cada salvamento nos sentimos assim, é um trabalho que está sempre nos renovando.
 Como é a rotina de um bombeiro?
            Os bombeiros da prontidão, como é o meu caso, temos um horário um pouco puxado. Nós entramos às sete horas da manhã e saímos às sete horas da manhã do dia seguinte, e depois folgamos dois dias, que é uma folga bem justa, pois ficar de prontidão 24 horas, prontos para atender a qualquer tipo de ocorrência, com um tempo todo cronometrado, é muito puxado.

Alguma vez você já ficou se culpando por não ter conseguido salvar alguém?
            Da minha parte não, mas já fiquei muito chateado com um acidente que ocorreu em uma comunidade. Uma criança de dois ou três anos estava morta. Nós a encontramos ajoelhada num berço, toda queimada. Na hora do acidente ela estava dormindo, e faltou energia em sua casa, então sua mãe acendeu uma vela e saiu de casa, deixando-a sozinha. A vela tombou e pôs fogo em toda a casa, a criança acordou sendo queimada.
            São coisas desse tipo que não são minha culpa de ter acontecido, mas que mesmo assim não nos esquecemos.

Você já fez algum salvamento que marcou a sua vida?
            Sim, de vez em quando nós pegamos pessoas presas em ferragens, e este é um tipo de salvamento que exige muita cautela. Socorrer as pessoas embaixo de ferragens realmente não é fácil. E também existem outras coisas que também nos marcam, como crianças gravemente feridas ou mortas. Esses são os tipos de coisas que nos marcam, porque por mais que nós sejamos frios, pois o nosso trabalho nos deixa assim, existem muitas coisas que nos chateiam.

Seu trabalho possui muitos riscos, isto já é óbvio. Você já sofreu alguma vez um acidente muito grave?
            Realmente, diariamente nós corremos muitos riscos, mas não. Nunca sofri nenhum acidente grave, e eu acredito que eu tenha muita sorte, pois muitos colegas meus já sofreram acidentes, inclusive alguns morreram, em incêndios ou em quedas de altura. E é muito difícil, pois nós somos treinados etc., mas quando acontece não é fácil.
            O corpo de bombeiros atende a todo o tipo de ocorrências, desde salvamentos aquáticos, terrestre ou em altura, então nosso dia-a-dia nos coloca constantemente em perigo.

 Você recebe mais ou menos quantas ocorrências por dia?
            Aqui em São Caetano do Sul a coisa é mais tranqüila, mas a média de Santo André, por exemplo, é de 10 ou 12 ocorrências por dia.

O que você sente na hora em que recebe uma ocorrência?
            Nossa, a adrenalina vai a mil! Nós nos alteramos, nem conversamos muito.
            A partir do momento em que somos avisados do acidente, já vamos nos preparando psicologicamente, e dependendo da ocorrência preparamos determinados uniformes e equipamentos.

E a respeito de mulheres na corporação, existem muitas?
            Realmente as mulheres não são muitas neste serviço, eu diria que apenas 5% da corporação é formada por mulheres. Existem muitas pessoas que acham que mulheres não servem para esse serviço porque ele exige muita força etc., mas na verdade, muitos salvamentos não exigem força, mas sim estratégia e técnica.

Sua família fica muito preocupada com você por causa da sua profissão, ou ela já se acostumou?
            Digamos que ela se acostumou, porque meu pai era Tenente Coronel, e meu irmão faz parte do policiamento, então ela já conhece mais ou menos a rotina.

Em qual cargo você está? E quais são todos os cargos existentes dentro da corporação?
Bom, eu sou soldado, o cargo mais baixo. Não quis estudar muito, eu apenas queria estar dentro desta profissão fazendo o que eu realmente gosto, que é ajudar as pessoas.
Os cargos existentes, não só dentro da corporação, mas na polícia militar etc. são: Soldado, Cabo, Subsargento, segundo Sargento, primeiro Sargento, Subtenente, Aspirante à Oficial, segundo Tenente, primeiro Tenente, Capitão, Major, Tenente Coronel e o Coronel.
Em todas as corporações existe pelo menos um oficial que exerce cada uma destas funções?
Em todos os quartéis ou instituições, nós temos normalmente os cargos maiores. Superiores são os que comandam; os oficiais mais graduados ficam em quartéis, matrizes; mas como em um o quartel como este, nós temos o Tenente e o segundo Tenente, que é quem nos comanda.

É necessário ter quantos anos para poder participar do curso de Bombeiro Mirim?
            A partir de cinco anos você já pode participar. A maioria das crianças que fazem este curso é para terem um pouco mais de disciplina, e não para aprenderem sobre a profissão que elas desejam um dia exercer, como pensa muita gente.

Este curso tem duração de quanto tempo? Para pessoas mais velhas é o mesmo tempo?
            O curso tem duração de dois à três anos, e para pessoas mais velhas, no caso adolescentes, o tempo é o mesmo.

Existe alguma coisa que impeça a pessoa de se tornar bombeiro(a)?
            Sim existe, tatuagens por exemplo. Você é avaliado e dependendo do lugar que você possui uma tatuagem, você não consegue entrar. Isto ocorre tanto no corpo de bombeiros quanto na polícia militar.
            A partir disso você já pode tirar uma base das coisas que impeçam alguém de ser bombeiro. Não pode ter tatuagens ou doenças, como diabetes. O nosso trabalho exige que tenhamos saúde, porque como uma pessoa vai subir em um prédio ou ficar pendurada se ela tem algum problema de saúde? 

Um bombeiro se aposenta com mais ou menos quantos anos?
            Temos trinta anos de serviço. Eu, como entrei com 20 anos no corpo de bombeiros, estarei me aposentando com 50 anos.

O que é preciso para se tornar um(a) bombeiro(a)?
            Primeiro você presta um concurso público, e a partir do momento que você foi aprovado, você passa por uma prova escrita, depois por uma bateria de exames: psicológico, psicotécnico, físico etc.. Resumindo, eles te ‘viram de ponta-cabeça’.
            Demora cerca de um ano e meio para se formar como bombeiro, e neste tempo você vai ter uma base de como é o serviço, e o resto você aprende no dia, na prática

Se a pessoa estiver interessada em ser bombeiro(a), onde ela pode se informar?
            Eu fui em São Paulo, no bairro Santana, rua Cruzeiro do Sul na polícia militar e foi lá que eu me inscrevi, paguei uma taxa e passei por uma bateria de exames.

Você gosta da profissão que escolheu ou se arrepende da escolha?
          Não, não me arrependo. Adoro meu trabalho e não só eu, mas meus colegas também. Esse é um tipo de trabalho muito gratificante.

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